quinta-feira, 12 de junho de 2008

Amizade pessoal com Cristo vivo - Intenção geral do Santo Padre para o mês de JUNHO


Que os cristãos cultivem uma amizade profunda e pessoal com Cristo, para assim poderem comunicar a força do seu amor às outras pessoas
Intenção geral do Santo Padre para o mês de JUNHO.

1. Um nome, uma ideia, uma religião...
Para grande número de pessoas, Cristo é um nome do passado, entre muitos outros que a História traz até nós: Platão, Alexandre, César... Um nome, simplesmente. Para outras, Cris-to é uma «ideia»: bondade, não-violência. Para outras, ainda, é uma «religião», ou seja, um modo de conceber Deus e a relação do homem com Ele – uma religião ao lado de tantas outras e como tantas outras, sinais, todas elas, do atraso cultural da humanidade, aparecendo como infestantes por todo o lado, sem nunca se conseguir exterminá-las de vez. Neste caso, olha-se o fenómeno com a sobranceria de mentes ilustradas e culturalmente superiores, imu-nes à doença e empenhadas em vencê-la por meio do progresso. Alguns cristãos – muitos ou poucos, não o sei dizer – assumem uma ou ambas as atitudes: Cristo como uma «ideia» e como uma «religião» (neste caso, sem o aspecto negativo). Seja um nome, uma ideia ou uma religião, este Cristo não compromete ninguém ou compromete muito pouco: alguns usos e costumes, um certo ambiente ao jeito do tão badalado «espírito do Natal», e sobretudo uma herança cultural e artística acarinhada por muitos, embora também cada vez mais desprezada por bastantes.
2. Uma pessoa... viva!
O Cristo «nome» ou «ideia» não incomoda e todos vivem pacificamente com ele. Para alguns, pode até ser objecto de curiosidade histórica. O Cristo «religião» já incomoda quem vê a religião como um sinal de atraso cultural da humanidade – e tal incómodo tanto pode tra-duzir-se num encolher de ombros enfadado como estar na origem de atitudes persecutórias ou, pelo menos, de desqualificação social. Há, porém, um outro Cristo, ou melhor, um Cristo que, sem deixar de ser um nome do passado, uma ideia interessante e uma religião espalhada pelos quatro cantos do mundo, é muito mais: é uma pessoa e está vivo, aqui e agora! Este é o Cristo dos cristãos – ou deve ser. Não vivemos de um nome ou de uma ideia, não somos mais uma religião, entre outras. Somos, desde há dois milénios, os felizes companheiros de Jesus de Nazaré, o Cristo morto e ressuscitado, Deus feito um de nós para nos salvar do poder do pecado e da morte e para oferecer esta salvação a toda a humanidade. Se isto é uma pretensão que o mundo não entende, também não entendeu o nosso Mestre, que passou fazendo o bem, escutado com gosto por muitos, seguido por alguns, mas atraiçoado, rejeitado, maltratado, torturado e morto. Enquanto não nos percebermos assim, felizes companheiros de uma Pessoa viva e presente no aqui e agora da nossa vida, uma Pessoa que é o próprio Deus fazendo-Se nosso companheiro de jornada, ainda não somos cristãos – estamos apenas a caminho de sê-lo. E precisamos de nos converter continuamente, para que a nossa relação com Cristo seja cada vez mais pessoal, marcada pela amizade, pela confiança e pela dedicação sem limites. Deste modo, seremos capazes de levar até aos nossos irmãos, crentes ou não, o amor de Jesus por cada ser humano, amor de um Deus que é Pai e ama infinitamente, sofredoramente cada um dos seus filhos.
3. Consequências
Ao contrário dos outros nomes e das grandes personagens do passado longínquo, Jesus, o Cristo, não suscita só indiferença ou curiosidade histórica. Há aqueles que O amam e aque-les que O odeiam. Odeiam o nome, pelo seu significado na história da humanidade, e odeiam-No a Ele por continuar vivo na vida de milhões de pessoas. Este ódio não se distingue do ódio aos seus discípulos – porque o problema é precisamente esse: em cada tempo e nos mais diversos lugares, há quem O afirme vivo, presente e actuante no meio do mundo, e assuma com Ele uma relação verdadeiramente pessoal. E tal não acontece apenas com indivíduos iso-lados, mas com gente constituída em povo de Deus, Igreja convocada para anunciar a Palavra: «o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai no Evangelho» de Jesus, o Filho de Deus (cf. Marcos 1, 51; 1, 1). Este anúncio, incómodo porque desinstala o ouvinte, provoca resistências, mas é também motivo de alegria para muitos, maravilhados com a autoridade, coerência e força de humanização do Evangelho. E, sobretudo, porque não é o anúncio de uma ideologia nem de uma «religião» entre outras – é o anúncio do Deus vivo, que ama infi-nitamente cada ser humano, ao ponto de Se fazer homem e morrer e ressuscitar por cada um de nós. Anunciar este Deus Amor é a única resposta digna da Igreja e dos cristãos ao ódio daqueles que pretendem silenciar o nome de Jesus.
Elias Couto