quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Jornada da Juventude de Sydney já tem Intercessores

O Dicastério para os Leigos e o Comitê Organizador escolhem dez Padroeiros

CIDADE DO VATICANO/SYDNEY, terça-feira, 30 de Outubro de 2007.
O Pontífice Conselho para os Leigos e o Comitê organizador da XXIII Jornada Mundial da Juventude (JMJ) escolheram dez Padroeiros, dez intercessores que velarão pela grande reunião de fé e festa que será vivida por peregrinos dos cinco continentes junto ao Papa, no próximo mês de Julho, na cidade australiana de Sydney.Assim confirma «L’Osservatore Romano» em sua edição do sábado. Entre os santos, beatos e servos de Deus eleitos, encontra-se, naturalmente, o «inventor» da JMJ, João Paulo II. A ele se unem o Beato Píer Giorgio Frassati – jovem da Ação Católica Italiana, estudante e desportista, falecido aos 24 anos, em 1925 – e a religiosa Polonesa cujo caminho espiritual o Papa Karol Wojtyla seguiu e pregou, Santa Faustina Kowalska (1905-1938), promotora da devoção à Divina Misericórdia, um autêntico movimento espiritual dentro da Igreja Católica. Antes de mais nada, recorre-se à intercessão da Virgem Maria sob a invocação de «Nossa Senhora da Cruz do Sul, auxílio dos cristãos», Protetora da Austrália. Dessa forma, pede-se a intercessão da Beata Mary Mckillop, primeira mulher australiana que fundou uma ordem religiosa, as Irmãs de São José da Cruz, e primeira também em ser elevada aos altares. Também a de São Pedro Chanel, missionário francês mártir nas ilhas Wallis e Futuna; Santa Teresa de Lisieux – doutora da Igreja, padroeira das Missões e da Austrália; o Beato Pietro To Rot, catequista de Papua Nova Guiné, filho de um chefe de tribo, leigo e casado, mártir pela fé em um campo de concentração japonês no final da 2ª Guerra Mundial. Completa-se a lista com Santa Maria Goretti, mártir da pureza, e a Beata Madre Teresa de Calcutá, fundadora das Missionárias da Caridade. Recentemente, na capital de Nova Gales do Sul, celebraram-se encontros preparatórios com a ajuda do Dicastério para os Leigos. Participaram duzentos delegados de pastoral juvenil de aproximadamente cem países. Fruto desses momentos organizativos é que se alentará os jovens a consagrar-se a Nossa Senhora da Cruz do Sul com o espírito do «Totus Tuus» («Sou todo teu») de João Paulo II. A iniciativa será marcada na peregrinação para a catedral de St. Mary, durante o grande encontro de Sydney, cidade que pode chegar a receber mais de meio milhão de jovens nas celebrações centrais da JMJ. As palavras de Jesus, «Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas» (Atos 1, 8), são o lema escolhido para a convocação. Mais informação e inscrições no site oficial plurilíngüe http://www.wyd2008.org/.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Vaticano - Mensagem de Sua Santidade Bento XVI para o Dia Mundial das Missões 2007

Todas as Igrejas para todo o mundo
Caros irmãos e irmãs,
por ocasião do próximo Dia Mundial das Missões, gostaria de convidar todo o Povo de Deus - Pastores, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos - a uma comum reflexão sobre a urgência e sobre a importância que reveste, também neste nosso tempo, a acção missionária da Igreja. Com efeito, não deixam de ressoar, como universal chamado e aflito apelo, as palavras com as quais Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, antes de ascender ao Céu confiou aos Apóstolos o mandato missionário: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei”. E acrescentou: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,19-20). Na exigente obra da evangelização nos ampara e nos acompanha a certeza de que Ele, o Senhor da colheita, está connosco e guia sem descanso o seu povo. É Cristo a fonte inesgotável da missão da Igreja. Além disso, este ano um ulterior motivo nos impulsiona a um renovado compromisso missionário: de facto, celebram-se os 50 anos da Encíclica do Servo de Deus Pio XII Fidei donum, com a qual foi promovida e encorajada a cooperação entre as Igrejas para a missão ad gentes. “Todas as Igrejas para todo o mundo”: este é o tema escolhido para o próximo Dia Mundial das Missões. Este convida as Igrejas locais de cada Continente a uma compartilhada consciência acerca da urgente necessidade de relançar a acção missionária diante dos múltiplos e graves desafios do nosso tempo. Certamente mudaram as condições em que a humanidade vive, e nestas décadas um grande esforço foi realizado para a difusão do Evangelho, especialmente a partir do Concílio Vaticano II. Todavia, permanece ainda muito por fazer para responder ao apelo missionário que o Senhor não se cansa de dirigir a todo baptizado. Em primeiro lugar, ele continua a chamar as Igrejas assim ditas de antiga tradição, que no passado forneceram às missões, além de meios materiais, também um número consistente de sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, dando vida a uma eficaz cooperação entre comunidades cristãs. Desta cooperação nasceram abundantes frutos apostólicos, seja para as jovens Igrejas em terra de missão, seja para as realidades eclesiais das quais provinham os missionários. Diante do avanço da cultura secularizada, que às vezes parece penetrar sempre mais nas sociedades ocidentais, considerando, além disso, a crise da família, a diminuição das vocações e o progressivo envelhecimento do clero, essas Igrejas correm o risco de fechar-se em si mesmas, de olhar com reduzida esperança para o futuro e de refrear seu esforço missionário. Mas é justamente este o momento de abrir-se com confiança à Providência de Deus, que nunca abandona o seu povo e que, com a potência do Espírito Santo, o guia em direcção à realização do seu eterno desígnio de salvação. Para dedicar-se generosamente à missio ad gentes, o Bom Pastor convida também as Igrejas de recente evangelização. Mesmo encontrando não poucas dificuldades e obstáculos em seu desenvolvimento, essas comunidades estão em crescimento constante. Algumas abundam felizmente de sacerdotes e de pessoas consagradas, não poucos dos quais, mesmo sendo tantas as necessidades in loco, todavia são enviados a desempenhar seu ministério pastoral e seu serviço apostólico em outro lugares, também nas terras de antiga evangelização. Deste modo, assiste-se a um providencial “intercâmbio de dons”, que redunda em benefício de todo o Corpo místico de Cristo. Auspicio vivamente que a cooperação missionária se intensifique, valorizando as potencialidades e os carismas de cada um. Além disso, faço votos para que o Dia Mundial das Missões contribua a tornar sempre mais conscientes todas as comunidades cristãs e todo baptizado de que o chamado de Cristo a propagar o seu Reino até os extremos ângulos do planeta é universal. “A Igreja é missionária por natureza - escreve João Paulo II na Encíclica Redemptoris missio -, porque o mandato de Cristo não é algo de contingente e exterior, mas atinge o próprio coração da Igreja. Segue-se daí que a Igreja toda e cada uma das Igrejas é enviada aos não cristãos. Mesmo as Igrejas mais jovens, precisamente « para este zelo missionário florescer nos membros da sua pátria », devem « participar o quanto antes e de facto na missão universal da Igreja, enviando também elas, por todo o mundo, missionários a pregar o Evangelho, mesmo se sofrem escassez de clero» (n. 62). Há cinquenta anos do histórico apelo do meu predecessor Pio XII, com a Encíclica Fidei donum para uma cooperação entre as Igrejas a serviço da missão, gostaria de reiterar que o anúncio do Evangelho continua a revestir os caracteres da actualidade e da urgência. Na citada Encíclica Redemptoris missio, o Papa João Paulo II, por sua vez, reconhecia que “a missão da Igreja é mais vasta que a « comunhão entre as Igrejas »: esta deve ser orientada não só para auxiliar a reevangelização, mas também e sobretudo na direcção da acção missionária específica” (n. 64). O compromisso missionário permanece, portanto, como mais vezes reiterado, o primeiro serviço que a Igreja deve à humanidade de hoje, para orientar e evangelizar as transformações culturais, sociais e éticas; para oferecer a salvação de Cristo ao homem do nosso tempo, em tantas partes do mundo humilhado e oprimido por causa de pobrezas endémicas, da violência e da negação sistemática dos direitos humanos. A Igreja não pode subtrair-se a esta missão universal; a missão reveste para a Igreja uma força obrigatória. Tendo Cristo confiado em primeiro lugar a Pedro e aos Apóstolos o mandato missionário, este hoje compete primeiramente ao Sucessor de Pedro, que a Providência divina escolheu como fundamento visível da unidade da Igreja, e aos Bispos directamente responsáveis pela evangelização, seja como membros do Colégio episcopal, seja como Pastores das Igrejas particulares (cfr Redemptoris missio, 63). Por conseguinte, dirijo-me aos Pastores de todas as Igrejas postos pelo Senhor à frente do único seu rebanho, para que compartilhem o estímulo do anúncio e da difusão do Evangelho. Foi justamente esta preocupação a impulsionar, cinquenta anos atrás, o Servo de Deus Pio XII a tornar a cooperação missionária mais respondente às exigências dos tempos. Especialmente diante das perspectivas da evangelização, ele pediu às comunidades de antiga evangelização que enviassem sacerdotes em auxílio das Igrejas de recente fundação. Deu vida assim a um novo “sujeito missionário” que, desde as primeiras palavras da Encíclica, extraiu precisamente o nome de “Fidei donum”. Escreveu a propósito: “Considerando, de um lado, a imensa multidão de nossos filhos que, principalmente nas regiões possuidoras há muito do nome cristão, participam dos benefícios da fé divina; por outro, porém, reconhecendo ser incomparavelmente maior o número dos que, até hoje, aguardam o mensageiro da salvação, desejamos ardentemente, veneráveis irmãos, exortar-vos sempre mais a sustentar com todo empenho a causa santíssima que tem por fim a propagação, por todo o orbe da terra, da Igreja de Deus”. E acrescentou: “Façam nossas exortações que o espírito de apostolado missionário surja e floresça com maior ardor nas almas dos sacerdote e, por seu ministério, infunda-se em todos os fiéis!” (AAS XLIX 1957, 226).Agradeçamos ao Senhor pelos frutos obtidos desta cooperação missionária na África e em outras regiões da terra. Inúmeros sacerdotes, após deixar as comunidades de origem, depositaram suas energias apostólicas ao serviço de comunidades que, às vezes, acabaram de nascer, em zonas de pobreza e em desenvolvimento. Entre eles estão não poucos mártires que, ao testemunho da palavra e à dedicação apostólica, uniram o sacrifício da vida. Nem podemos esquecer os muitos religiosos, religiosas e leigos voluntários que, junto aos presbíteros, se prodigalizaram para difundir o Evangelho até os extremos confins do mundo. Que o Dia Mundial das Missões seja ocasião para recordar na oração esses nossos irmãos e irmãs na fé e as pessoas que continuam a prodigalizar-se no vasto campo missionário. Peçamos a Deus que seu exemplo suscite em todos os lugares novas vocações e uma renovada consciência missionária no povo cristão. Com efeito, toda comunidade cristã nasce missionária, e é justamente sobre a base da coragem que se mede o amor dos fiéis por seu Senhor. Poderemos assim dizer que, para cada fiel, não se trata simplesmente de colaborar para a actividade de evangelização, mas de sentir-se eles mesmos protagonistas e co-responsáveis da missão da Igreja. Esta co-responsabilidade comporta que cresça a comunhão entre as comunidades e se incremente a ajuda recíproca no que concerne seja aos membros (sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos voluntários), seja à utilização dos meios hoje necessários para evangelizar. Caros irmãos e irmãs, o mandato missionário confiado por Cristo aos Apóstolos nos envolve realmente a todos. Que o Dia Mundial das Missões seja, portanto, ocasião propícia para se consciencializar mais profundamente e para elaborar juntos apropriados itinerários espirituais e formativos que favoreçam a cooperação entre as Igrejas e a preparação de novos missionários para a difusão do Evangelho neste nosso tempo. Todavia, não se deve esquecer que a primeira e prioritária contribuição que somos chamados a oferecer à acção missionária da Igreja é a oração. “A colheita é grande, mas os operários são poucos - diz o Senhor -. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie operários para sua colheita” (Lc 10,2). “Escrevia cinquenta anos atrás o Papa Pio XII, de venerada memória: “Elevai sempre mais a Deus, veneráveis irmãos, instantes preces. Reflecti atentamente sobre tantos povos, quase inumeráveis, mergulhados em angústias espirituais, por ainda vaguearem longe do caminho da verdade, ou por lhes faltarem os meios de perseverar” (AAS, cit., pag. 240). E exortava a multiplicar as Colheitas celebradas pelas Missões, observando que deste modo concordaria “assim com os desejos do Senhor, que ama sua Igreja e a quer viva e dilatada por todo o mundo” (ibid., pag. 239).Caros irmãos e irmãs, renovo também eu este convite mais actual do que nunca. Que se estenda em cada comunidade a coral invocação ao “Pai nosso que estás nos céus”, para que venha o seu reino sobre a terra. Faço apelo particularmente às crianças e aos jovens, sempre prontos a generosos ímpetos missionários. Dirijo-me aos doentes e aos sofredores, recordando o valor de sua misteriosa e indispensável colaboração à obra da salvação. Peço às pessoas consagradas, e especialmente aos mosteiros de clausura, que intensifiquem sua oração pelas missões. Graças ao esforço de cada fiel, se alargue em toda a Igreja a rede espiritual de oração em suporte da evangelização. Que Nossa Senhora, que acompanhou com materna solicitude o caminho da Igreja nascente, guie os nossos passos também nesta nossa época e obtenha para nós um novo Pentecostes de amor. Em particular, que nos torne a todos conscientes de ser missionários, ou seja, enviados pelo Senhor para ser suas testemunhas em cada momento da nossa existência. Aos sacerdotes “Fidei donum”, aos religiosos, às religiosas, aos leigos voluntários comprometidos nas fronteiras da evangelização, assim como às pessoas que de várias maneiras se dedicam ao anúncio do Evangelho, garanto uma recordação quotidiana na minha oração, enquanto ofereço com afecto a todos a Bênção Apostólica.

Do Vaticano, 27 de Maio de 2007, Solenidade de Pentecostes.
BENEDICTUS PP. XVI

sábado, 13 de outubro de 2007

Diocese Vila Real prepara Ano Pastoral com mais atenção à Palavra

I – O Sínodo dos Bispos é uma instituição criada pelo Papa Paulo VI para ajudar o Papa a governar a Igreja. Reúne periodicamente em assembleias de Bispos idos de todo o mundo como delegados de todos os bispos para tratar temas concretos. A próxima «assembleia-geral ordinária», a realizar em Outubro em 2008, que será a XII, é consagrada a «A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja».
Esse tema havia sido sugerido por muitas Conferências Episcopais. Aconselha este tema a Eucaristia, tema do último Sínodo e com a qual está intimamente unida a Palavra; aconselham-no as «Assembleias dominicais na ausência do presbítero» que vão multiplicar-se; aconselha-o o interesse generalizado pela Bíblia, seja por intuitos comerciais sejam até pela acção das seitas; aconselha--o a catequese que se deve ser cada vez mais bíblica; aconselham-no os vários movimentos de espiritualidade; aconselha-o o movimento ecuménico entre as Igrejas cristãs.
Os bispos diocesanos já receberam de Roma um texto preparatório do Sínodo e é sobre esse texto que a nossa diocese é convidada a pronunciar-se para ajudar a preparar o texto definitivo no interior do Sínodo.
Por essa razão, o tema do ano pastoral que principia em Outubro e se prolonga até Julho de 2008 será: «A Igreja vive do Verbo»: a Igreja escuta, contempla, come, canta, celebra e difunde a Palavra.

II – Algumas acções devem ser feitas em cada paróquia de modo que se atinjam determinados objectivos:
a) A Palavra de Deus é uma pessoa – Jesus Cristo. Ele é o Verbo, a Palavra eterna. Todo a revelação do Antigo Testamento converge para Jesus e tudo o que é posterior explícita a mensagem de Jesus. Tanto a Bíblia escrita como a Tradição da Igreja são duas fontes que conduzem à única fonte – Jesus.
b) Em cada família haja uma Bíblia ou ao menos o Novo Testamento.
c) Aproveitar os tempos litúrgicos fortes (Advento-Natal, Quaresma-Páscoa) para despertar sentimento de afecto pela pessoa de Jesus, o Verbo do Pai, colocando a Bíblia junto do Presépio e junto da Cruz.
d) Na pregação recorrer mais abundantemente à Palavra de Deus, narrando episódios bíblicos, não se limitando a retirar do texto bíblico os aspectos éticos (como recomenda Bento XVI), e ultrapassando a especulação escolástica.
e) Na celebração dos sacramentos insistir que a Palavra é que ilumina e fecunda o gesto sacramental.
f ) Durante o ano, em todas as paróquias far-se-ão cursos de iniciação ou aprofundamento bíblico sobre uma série de pressupostos da Palavra de Deus de modo que se torne claro o que é a Bíblia escrita e suas divisões gerais; a relação da Bíblia com a Igreja, quer na selecção dos livros quer na sua interpretação; distinguir a informação científica e história dos factos bíblicos e a interpretação espiritual dos mesmos factos e textos; a Palavra de Deus na Tradição apostólica; o Catecismo da Igreja Católica; o Missal e o Leccionário, os Rituais.
Não deve haver um catequista nem um crismando que não tenha noções gerais claras sobre esta variedade de livros e suas relações mútuas
g) Tentar exercícios específicos para os Leitores da celebração eucarística. Há paróquias exemplares, mas há outras que estão em zero: não há nenhuma compreensão do texto, nem capacidade de proclamação. Ninguém tem direito de «proclamar as leituras», mas só quem tiver capacidade, a juízo do pároco. Os pastores devem ser educadores e exigentes.
h) Também os salmistas e os grupos corais devem cingir-se aos cânticos com letra bíblica e música de compositores sacros, evitando cânticos de sentimentos vagos e moralistas.
i) Outro exercício a desenvolver em alguns grupos voluntários mais restritos é a lectio divina, como exercício meditativo e orante.
j) Promover colecção de frases que constituem adágios e ditos de sabedoria extraídos da Bíblia frequentemente utilizadas, tais como «os últimos são os primeiros», «quem se humilha será exaltado», «o óbulo da viúva», «pobre como Job», «regresso como o pródigo», «ser como Tomé», «fechado a sete chaves», etc. Este exercício pode ser feito com grupos de jovens, nomeadamente nos escuteitos, e despertá-los para outros sectores apropriados à sua problemática como seja o conhecimento dos muitos símbolos de plantas e de animais e a leitura da Criação.
l) Em grupos de estudantes, poderá reflectir-se na presença da Bíblia no mundo artístico. Há artistas (escritores, pintores, cineastas) que utilizam a Bíblia com grande profundidade religiosa (Gil Vicente, Camões, Claudel). Outros recorrem aos textos e factos bíblicos para um uso meramente estético. São os chamados «devotos laicos» da Bíblia, tais como Miguel Torga, Pasolini, o autor de «Jesus super-star» e outros. Mesmo assim, testemunham que a Bíblia é um «grande código», fonte de sabedoria e de beleza literária que nenhum homem culto ignora e, por isso, ela oferece recursos extraordinários para a vida do mundo e da Arte.
m) Nas paróquias retomar a norma canónica de oferecer aos fiéis alguns dias de pregação sistemática (c. 770).

III – Para o Clero e Professores de Educação Moral e Religiosa Católica devem organizar-se encontros especiais sobre esta temática.
Vivemos uma civilização da palavra, de muita palavra (escrita, falada, gravada) e por isso bastante desvalorizada, uma civilização tagarela. Mais uma razão para valorizar a Palavra eterna, a Palavra de Deus, sem a qual seríamos uma Igreja surda e muda, esmagada pelo mundo. A Palavra de Deus enche a Igreja do Senhor, de que são sinais visíveis o clássico púlpito e o ambão litúrgico.

D. Joaquim Gonçalves, Bispo de Vila Real

Unidade Pastoral | Atei - Mondim - Paradança

As Rergras Da Casa

Preâmbulo
Imaginem uma Família, um Lar, onde não existam regras básicas de conduta e de relação mútua entre os seus membros. Onde cada um dos membros da Família faz o que quer, como quer e quando quer – o que lhe apetece! – Procurando, antes de mais e acima de tudo, satisfazer os seus desejos e caprichos, numa atitude de indiferença para com os demais membros da Família. Uma Comunidade Paroquial, uma Unidade Pastoral, um Arciprestado ou uma Diocese, é uma Família. Uma Família de Famílias. Por isso mesmo exige normas ou regras básicas de relação e convivência, princípios orientadores, para que os Irmãos se entendam, se respeitem e se complementem. Aqui deixo, pois, para os Filhos da Igreja Católica e Apostólica que peregrinam na área desta Unidade pastoral de Atei, Mondim e Paradança, as Regras da Casa, ou seja, os princípios básicos de orientação desta grande Família de Famílias.
I – ACOLHIMENTO
Quem não gosta de ser bem acolhido? Encontrar alguém que lhe abra a porta – antes de mais a porta do coração e da mente! – Mas também a porta da casa? Alguém que o escute, que lhe dê uma palavra de apoio, de coragem e de incentivo? A sociedade em que vivemos, nos movemos e existimos, mudou muito, mesmo muito, nas últimas décadas. Vivemos na sociedade dita global, definida pela pressa e pela "falta de tempo". E a Igreja, Peregrina nesta sociedade, não pode deixar de sofrer a sua influência. Além disso, são cada vez menos os Párocos e mais as Paróquias ao cuidado de cada Padre. Tendo em conta o parágrafo anterior, temos todos que fazer um esforço para perceber que o Pároco tem, hoje, uma vida radicalmente diferente daquela de há décadas atrás. E não pode deixar de ser assim. Também o Pároco se vê, com frequência, tomado pela pressa e pela "falta de tempo". Isto não significa, contudo, que o Pároco não tenha tempo para o essencial, que tem e não pode deixar de ter. Porque o essencial, esse, teremos que o defender das garras devoradoras do tempo e da agitação dos tempos modernos. Sempre que as Pessoas precisem de falar com o Pároco, antes de o procurarem na Casa paroquial – porque a maior parte do trabalho é realizado fora de casa! – Devem marcar com ele, pelo telefone ou pelo telemóvel, para que tudo seja devidamente agendado, com dia e hora. Todos, nesta Unidade Pastoral, têm acesso aos números de telefone, telemóvel, fax e email do Pároco, porque todos os Domingos são publicados na folhinha paroquial. Deve evitar-se, a todo o custo, procurar o Pároco para conversas ou tratar de assuntos de expediente, no final das Eucaristias dominicais, porque os horários são muito seguidos e não permitem essa liberdade. Se procurarem o Pároco no Presbitério ou Casa Paroquial e ele não estiver, devem deixar nome e contacto com a funcionária que lhes abre a porta. Serão sempre contactados logo que possível. Devem também evitar ligar para o telefone ou para o telemóvel do Pároco usando número privado, porque isso não permite que seja contactado posteriormente.
II – SACRAMENTO DO BAPTISMO
O Baptismo é o Sacramento que abre as Portas da Fé e da Igreja a todos os que o recebem, sejam crianças ou adultos. Pela graça do Espírito Santo, que a Água do Baptismo bem simboliza, os Baptizandos convertem-se, assim, em Filhos de Deus e Membros da Igreja, com os respectivos Direitos e Deveres.
1. O Sacramento do Baptismo será devidamente preparado em reunião (ou reuniões) própria(s), na qual devem participar, obrigatoriamente, os Pais e os Padrinhos das Crianças. Na nossa Unidade Pastoral estas reuniões realizam-se, por via de regra, aos primeiros Sábados de cada mês.
2. O Dia própria para a Celebração do Sacramento do Baptismo é o Domingo, o Dia do Senhor, Dia semanal da Criação e da Ressurreição, no qual os Cristãos fazem Memória da Obra Criadora de Deus e da Redenção que nos foi oferecida em Jesus Cristo. Na verdade, o Sacramento do Baptismo é celebrado no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
3. De preferência, os Baptismos serão celebrados nas Missas Dominicais das Comunidades, celebrações da Família eclesial, que acolhe, na alegria e em espírito de Acção de Graças, os novos Filhos de Deus. Podem, contudo, por razões suficientes apresentadas pelos Pais, e sempre de acordo com o Pároco, ser celebrados fora da Missa, ou mesmo, em casos justificados, em outro dia da semana.
4. Os Baptismos serão sempre celebrados na Igreja Matriz da Comunidade, também chamada Igreja Paroquial ou Igreja Mãe da Paróquia, onde se encontram a Fonte Baptismal, o Círio Pascal, símbolo e memória da Páscoa da Ressurreição, assim como os Santos Óleos, que foram benzidos pelo Bispo Diocesano, na Missa Crismal de Quinta-Feira Santa. Qualquer excepção a esta Regra só com a autorização expressa do Bispo da Diocese.
5. Para os Padrinhos e Madrinhas de Baptismo segue-se o estipulado pelo Código de Direito Canónico, concretamente nos Câns.873 e 874, e que se resume no seguinte: a Criança poderá ter só um Padrinho ou só uma Madrinha, ou então um Padrinho e uma Madrinha (Cân.873); que para alguém poder ser Padrinho ou Madrinha de Baptismo requer-se que seja indicado pelos Pais da Criança, que seja baptizado, tenha capacidade para desempenhar tal missão, tenha pelo menos 16 anos de idade, seja Crismado, seja católico praticante e leve uma vida coerente com a Fé que professa e com a função que vai desempenhar em relação à Criança que é baptizada; não pode estar sujeito a penas canónicas; não podem ser os Pais da Criança; se for membro de uma comunidade não católica, poderá apenas ser admitido como testemunha. Em relação à idade só poderão conceder-se excepções por justa causa, sempre com autorização expressa do Bispo Diocesano, ou a juízo do Pároco ou do Ministro do Baptismo, se tiverem conhecimento de causa.
III – CATEQUESE PAROQUIAL
Na nossa Unidade Pastoral a Catequese Fundamental tem a duração de 10 anos, terminando com a celebração do Sacramento do Crisma. Além da catequese Fundamental, temos ainda a chamada Catequese de Jovens e Catequese de Adultos, que muito se recomenda, como forma de actualização e aprofundamento da cultura da Fé. A Catequese Paroquial tem as suas Regras próprias, como a exigência de assiduidade e aproveitamento, que devem ser respeitadas por todos, particularmente as Famílias das Crianças. A EUCARISTIA DOMINICAL (na qual se inclui a chamada Missa Vespertina, celebrada na Véspera, ou seja, na tarde de Sábado), faz parte integrante da Catequese Paroquial, pois ninguém nasce cristão, mas faz-se Cristão ao longo da vida, lendo e meditando a Palavra de Deus, dialogando com Deus na Oração, praticando a caridade para com o próximo e celebrando a Eucaristia com os Irmãos, particularmente ao Domingo, o Dia do Senhor.
IV – SACRAMENTO DA EUCARISTIA
Nós, os Cristãos, não podemos viver sem o Domingo. E o Coração do Domingo é a Eucaristia, celebração da Páscoa de Jesus. Não se pode conceber um Filho da Igreja que não celebre a Eucaristia com os Irmãos, fazendo memória de Jesus: "Fazei isto em memória de Mim" (Última Ceia). A fidelidade a este Sacramento, bem como o empenho na celebração do mesmo, são sinais distintivos do Cristão genuíno e autêntico. Devemos varrer da nossa vida aquela tendência para desculparmos facilmente a nossa ausência da Eucaristia dominical. Por vezes parece que temos tempo para tudo, menos tempo para Deus e para os Irmãos na Fé. Será por acaso que o primeiro Mandamento da Lei de Deus nos manda amar a Deus sobre todas as coisas? As nossas Eucaristias recebem intenções particulares, pois desde sempre que as Comunidades Cristãs lembram os seus defuntos nas suas celebrações. Há, porém, que fazer um reparo: as Missas não são celebradas porque é preciso rezar pelos defuntos; mas reza-se pelos defuntos porque a Comunidade deve celebrar a Eucaristia para se tornar Igreja, e porque os defuntos fazem parte da Comunhão da Igreja. Exceptuam-se desta Regra as Missas exequiais, ou de "corpo presente", de 7º e 30º dia. A esmola dada pelos fiéis quando pedem intenções de Missa não se destina a "pagar a Missa", mas a contribuir para as necessidades da Igreja!
V – SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO OU CRISMA
Para se receber o Sacramento do Crisma é necessário ter os 10 anos de Catequese mencionados atrás, no caso dos Jovens e Adolescentes. Contudo, uns meses antes da celebração deste Sacramento numa das Paróquias da Unidade Pastoral, são abertas inscrições para Pessoas adultas, com o mínimo de 25 anos, que farão uma preparação intensiva. Para os adultos que desejem ser crismados não haverá limite de idade. A preparação intensiva é obrigatória!
VI – SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO
"...o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e serão os dois uma só carne" (...) Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu" (Mt.19,5-6). Na Igreja Católica o Matrimónio realiza-se entre um Homem e uma Mulher, que, na sua unidade e complementaridade, perfazem o Ser Humano na sua plenitude. Na Unidade Pastoral de Atei, Mondim e Paradança, todos os Casamentos devem ser marcados na Agenda do Pároco durante o mês de Janeiro e todos os Noivos devem participar no CPM – Centro de Preparação para o Matrimónio, nas datas que o Pároco lhes indicará aquando da marcação da data da celebração. Habitualmente os Noivos pedem a celebração do Matrimónio com Missa. Contudo, nesta Unidade Pastoral apenas terão Missa os casamentos cujos Noivos sejam de Fé praticante, ou, pelo menos, um de entre eles. Também se caiu no mau hábito de pedir Missa no Casamento porque se quer rezar por algum defunto da família. Este argumento não tem qualquer validade. Os Noivos não devem comprometer-se com restaurantes antes de acertarem tudo com o Pároco no que respeita à data e hora da celebração do Casamento. Não é de forma nenhuma correcto ser convidado para um Casamento e, durante a celebração do sacramento na Igreja, ficar fora da mesma, na conversa, ou ir passar o tempo para o café mais próximo. Revela grande falta de respeito por Deus e pelos Noivos que celebram o matrimónio.
VII – SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
O Sacramento da Reconciliação – ou da Penitência! – a que vulgarmente se chama Confissão, é uma oportunidade que Deus nos concede para purificarmos a nossa vida, purificando o nosso coração e a nossa consciência. Nas nossas Comunidades há, por via de regra, três tempos de Reconciliação durante o Ano Pastoral: Advento, Quaresma e Festas dos Padroeiros. As Pessoas devem aproveitar estas oportunidades e ter em elevada estima a vivência deste Sacramento. Além dos referidos "tempos fortes", há sempre a possibilidade de as Pessoas se reconciliarem, ou porque lhes são propostas outras possibilidades, ou porque o pedem, acertando um dia e uma hora com o Pároco, ou outro Sacerdote que esteja na Comunidade.
VIII – CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS CRISTÃS
Para os Cristãos o corpo humano é habitação de Deus – Templo do Espírito Santo. Por isso é uma questão de Fé, de Esperança e de Caridade celebrar com dignidade as exéquias dos nossos defuntos. É mesmo, como diz a doutrina católica, uma obra de misericórdia. Nas nossas Comunidades celebrar-se-ão com a devida dignidade as exéquias fúnebres, não olhando nunca à condição social das Pessoas. Ricos, pobres ou remediados, terão todos, da parte da Igreja, a mesma dignidade nas respectivas exéquias, "pois Deus não faz acepção de Pessoas" (Carta aos Hebreus). Quando os funerais têm origem numa casa ou Igreja que fica longe da Igreja Matriz ou do Cemitério, far-se-á de forma a que se evite ocupar a estrada principal por um longo espaço de tempo, fazendo-se um pequeno percurso a pé, depois a estrada principal de automóvel e, de novo, percurso a pé. Também deveremos ter cuidado em não exagerar na oferta de flores, sabendo que as melhores flores são as nossas Orações – porque essas não se corrompem! É de muito mau tom participar num funeral e, durante e celebração da Eucaristia, ficar fora da Igreja, quase sempre a fazer ruído e barulho. Rezar pelos defuntos é sinal de grande e profunda amizade!
IX – GRUPOS APOSTÓLICOS PAROQUIAIS
Por Grupos Apostólicos Paroquiais entende-se aqueles de Grupos de Irmãos que desempenham a mesma função na Comunidade: Conselhos Pastorais Paroquiais, Conselhos Económicos, Catequistas, Cantores, Leitores, Acólitos, Ministros da Comunhão, Grupos de Jovens, Escuteiros, Grupos de Caridade Fraterna, Zeladoras dos Altares e das Igrejas, Grupos de Missão, Grupos Bíblicos, Irmandades, Confrarias, Associações de âmbito espiritual... Se são grupos apostólicos significa que têm como missão fundamental fazer apostolado, ou seja, evangelizar. Na verdade, a Igreja não poderá cumprir fielmente a sua missão se os membros das Comunidades não se assumirem como apóstolos, como profetas e como evangelizadores. Peço a todos os membros dos Grupos Apostólicos desta Unidade Pastoral que dêem o seu melhor neste trabalho de evangelização, dando cara, voz e rosto ao Evangelho de Cristo e mantendo, a todo o custo, a Unidade deste Corpo que é a Igreja dos Profetas, dos Apóstolos e das Testemunhas da Fé.
X – A IGREJA QUE O MUNDO PRECISA
De tudo o que fica dito atrás – e muito mais se poderia dizer sobre os assuntos em causa! – Há uma coisa que deve ser clara para todos: SOMOS UMA IGREJA DE COMUNHÃO! Ninguém deve ser excluído ou posto à margem, porque "na Casa do Pai há muitas moradas". Todos têm lugar na Igreja Católica e Apostólica. Temos, pois, que fazer todos um esforço de conversão, no sentido de varrermos da nossa vida pessoal, familiar e comunitária o egoísmo, o individualismo e todo e qualquer bairrismo doentio. Brio e zelo, sim! Bairrismo exacerbado e egoísmo, não! Isto não significa, obviamente, que não devamos ser exigentes. Sim, deveremos sê-lo, mas antes de mais sermos exigentes connosco mesmos, não vá acontecer que nos preocupemos com o "argueiro na vista dos outros" e sejamos tolerantes com a "trave na nossa própria vista". As celebrações e as iniciativas eclesiais serão valorizadas por nós de acordo com a sua dimensão, ou seja, as mais importantes são sempre aquelas que dizem respeito a uma maior parcela da Igreja – Igreja Universal, Diocese, Arciprestado, Unidade Pastoral, Comunidade Paroquial. Deverá evitar-se, a todo o custo, promover iniciativas que possam chocar com iniciativas da Igreja em sentido mais lato. Há um sem número de Virtudes a cultivar, todas elas com raiz no Evangelho. De todas elas, destacaria 3, pedindo a todos os membros desta Unidade Pastoral o esforço sincero de as pôr em prática: Humildade, Fidelidade, Disponibilidade! Se porventura tivermos dificuldade em saber como cultivar e viver estas Virtudes, perguntemos à Virgem Maria! Ela ensinar-nos-á, porque é nossa Mãe e nossa Mestra! Consagro-lhe este nosso Ano Pastoral de 2007-2008.
Manuel Machado, Pároco

Igreja Matriz da Paróquia de S. Jorge de Paradança

"Rural, isolada, num largo empedrado a cubos de granito, na confluência de caminhos da povoação; possui adro térreo, circuitado por muro em alvenaria de granito, com entrada frontal e lateral cerradas por portão de ferro; no interior do adro, frente à igreja, erguem-se 2 imponentes japoneiras e 2 cruzes de calvário, em granito…"

À semelhança do que fizemos para as igrejas de Atei e de Mondim, recorremos ao sítio da Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) na Internet – www.monumentos.pt – para obter informações, de natureza patrimonial, relativas a este edifício. São responsáveis pelo seu conteúdo, Ricardo Teixeira e António Dinis (2000) que assumem ser desconhecido o eventual, ou eventuais, autor(es) do projecto bem como a data da sua construção original. Porém, pelas suas características – arquitectura religiosa barroca – é provável que tenha sido iniciada no século XVIII.
No referido sítio, na Internet, a tipologia da edificação, e o seu local de implantação, são assim descritos: rural, isolada, num largo empedrado a cubos de granito, na confluência de caminhos da povoação; possui adro térreo, circuitado por muro em alvenaria de granito, com entrada frontal e lateral cerradas por portão de ferro; no interior [do adro], frente à igreja, erguem-se 2 imponentes japoneiras e 2 cruzes de calvário, em granito.
A construção, de planta longitudinal, é composta por uma nave única e uma capela-mor, com sacristia adossada a Este. As fachadas, em cantaria de granito, de aparelho em fiadas irregulares, percorridas por embasamento avançado e friso e cornija saliente, com pilastras nos cunhais coroados por pináculos piramidais e esfera (…). A fachada principal, voltada a sul, tem inscrita a data de 1776. A pilastra do lado nascente é coroada por um relógio de sol.
O interior é rebocado e pintado de branco com silhar de azulejos (…). Nave com coro-alto sobre 2 mísulas de pedra com balaustrada de madeira, envernizada; sub-coro com escada de caracol, do lado da Epístola. Lateralmente, (…) pia de água benta, gomada, a ladear a porta para o exterior, do lado da Epístola, e púlpito de base rectangular sobre mísula ornamentada com volutas, balaústres de madeira e escada de pedra com corrimão em ferro, no lado oposto.(…). Pavimento em mosaico, de motivo axadrezado, e tecto em masseira, de madeira, sobre cornija de pedra. (…). Retábulo de talha policroma, branca, dourada e marmoreada verde e castanha, de planta rectangular e um só eixo vertical, com trono eucarístico cerrado por tela pintada com a imagem do padroeiro São Jorge, entre duas mísulas (…).
Os mesmos autores consideram como “sinais particulares” o facto de a sacristia ter 2 pisos, o que é, na sua opinião, pouco comum no distrito, e destacam a qualidade dos equipamentos em pedra, nomeadamente a pia baptismal com taça monolítica octogonal, a pia de água benta que ladeia a porta lateral, a base do púlpito e o lavabo da sacristia. Por fim, referem-se aos retábulos como sendo em revivalismo neoclássico.

Referências Bibliográficas:
LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, p. 389 - 418.

Igreja Matriz da Paróquia de S. Cristóvão de Mondim de Basto

"O edifício não tem um estilo distintivo, sendo a sua arquitectura e motivos decorativos góticos - os elementos mais antigos - e barrocos - as intervenções mais “recentes” de que se destaca, pela sua qualidade, a construção, no século XVIII, da Capela do Sagrado Coração de Jesus."

De acordo com o Inventário Digital da Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) – consultável na Internet a partir do sítio www.monumentos.pt – não se conhece a data nem o autor do desenho original do edifício da Igreja Matriz da comunidade paroquial da freguesia de Mondim de Basto. Porém, a partir das suas características e das datas das primeiras referências escritas que se conhecem, pode conjecturar-se que tenha sido iniciada no século XIV, da qual se mantém a porta ogivada (gótica) existente no alçado norte.
No referido Inventário, António Dinis (2002) e Paula Noé (2004), descrevem assim o edifício: Igreja de raíz medieval, de que se conservou o portal norte, em arco quebrado, com arquivoltas de decoração vegetalista e em torso, sobre impostas, e uma fresta, ampliada e reformada nos séculos XVIII e XIX, como é notório no vão entaipado, alteamento da cornija e aparelhos distintos da fachada norte, mas também pelo tratamento da fachada principal e respectivos vãos.
O edifício não tem, portanto, um estilo distintivo, sendo a sua arquitectura e motivos decorativos góticos - os elementos mais antigos - e barrocos - as intervenções mais “recentes” de que se destaca, pela sua qualidade, a construção, no século XVIII, da Capela do Sagrado Coração de Jesus. O Inventário da DGEMN descreve esta capela lateral do seguinte modo: adossada a sul, com um tratamento mais erudito [relativamente ao resto do edifício] de fachadas terminadas em alto friso e cornija moldurada, pilastras nos cunhais e com óculo e portal virado a este, de moldura recordada, com jogos côncavos e convexos, encimado por frontão de lances com volutas interrompido por concha e motivo alusivo ao orago no tímpano. Interiormente possui cobertura em falsa abóbada de berço, integrando ao centro clarabóia, ambos com decoração policroma barroca e retábulo rococó.
Do interior do edifício, os responsáveis pelos textos do Inventário da DGEMN destacam o retábulo-mor de talha dourada, barroco joanino; o baptistério – taça de granito, monolítica e octogonal – no “lado do Evangelho”; os confessionários embutidos; o antigo púlpito, do “lado da Epístola”; o coro-alto; e os retábulos, lateral e colaterais, de talha polícroma, de decoração sóbria, neo-clássica. De destacar ainda, na sacristia norte, o belíssimo trabalho de cantaria do lava-mãos ali existente.

Referências Bibliográficas:
LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, pp. 271 - 337.

Igreja Matriz da Paróquia de S. Pedro de Atei

"A importância relativa desta igreja, atestada pela sua dedicação a S. Pedro... advirá não apenas da tradição mas da sua particular localização geográfica, de transição entre o Alto e o Baixo Tâmega."

À semelhança do que ocorre com as mais antigas igrejas e capelas do nosso concelho, desconhece-se a data e o autor, ou autores, do edifício desta belíssima sede paroquial. Ricardo Teixeira e Paulo Amaral (1997) e Joaquim Gonçalves (2004), responsáveis pelos dados que, relativamente à igreja matriz de Atei, constam do Inventário que a Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) tem no seu sítio na Internet - www.monumentos.pt - descrevem-na como uma igreja românica rural, de uma nave e cabeceira simples, rectangulares, reformulada no século XIX, à qual se adossou capelas colaterais e se fizeram altares, de talha policroma, neoclássicos, referindo, como período provável da sua construção original, o século XIV.
A importância relativa desta igreja, atestada pela sua dedicação a S. Pedro... advirá não apenas da tradição mas da sua particular localização geográfica, de transição entre o Alto e o Baixo Tâmega.
De acordo com o sítio da DGEMN, referido no primeiro parágrafo, do seu exterior destaca-se a frontaria, voltada a poente: um portal axial, simples, de duas arquivoltas, de arco abatido, decoradas com dentes de serra, círculos, meandros. Ladeando-as implantam-se duas mísulas de um anterior alpendre.Por sua vez, as fachadas norte e sul, de embasamento escalonado, têm dois portais, simples, com uma arquivolta, de arco abatido, decorada com dentes de serra, círculos, meandros, ornamentação em espinha e figurações humanas toscas.Do ponto de vista decorativo consideram os mesmos autores que os elementos arquitectónicos românicos são técnica e tematicamente rudimentares, reveladores da sua época tardia, com a ressurgência de temas muito antigos (meandros, espirais, etc.).
Os portais norte e sul ostentam, aliás, uma decoração curiosa, composta de globos (bolame), semelhantes a olhos vazados, figuras humanas jazentes e setas (espinha de peixe) o que tem sido interpretado como uma alusão à célebre Lenda dos Sete Condes, referência que o Inventário da DGEMN não contempla. Factual e histórica é a construção, no século XVI, da Capela dos Condes, atribuída a uma iniciativa da Casa de Cantanhede.
Aspectos muito interessantes, relativamente ao envolvimento exterior, são também a proximidade com a residência paroquial e, muito particularmente, com a torre sineira, construção independente do edifício, como é característico do românico.
Os responsáveis pelo conteúdo das páginas digitais que, relativas à igreja matriz de Atei, integram o Inventário da DGEMN, registam que o interior é iluminado por uma fresta colocada sobre o pórtico principal e por janelas altas, de vão rectangular, gradeadas e envidraçadas, colocadas nas paredes laterais da nave e capela-mor, complementadas por janelas mais pequenas que iluminam os altares das capelas laterais. O tecto da nave e capelas é em madeira de duas águas, e o da capela-mor curvo. Arco triunfal de volta perfeita, liso. Capela-mor com altar em talha pintada e dourada.

Referências Bibliográficas:
ATEI, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 3, Lisboa, s.d., p. 635 - 636;ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Arquitectura Românica de Entre-Douro-e-Minho, vol. 2, Porto, 1978, p. 192;LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto, Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, p. 131.