sábado, 13 de outubro de 2007

Igreja Matriz da Paróquia de S. Pedro de Atei

"A importância relativa desta igreja, atestada pela sua dedicação a S. Pedro... advirá não apenas da tradição mas da sua particular localização geográfica, de transição entre o Alto e o Baixo Tâmega."

À semelhança do que ocorre com as mais antigas igrejas e capelas do nosso concelho, desconhece-se a data e o autor, ou autores, do edifício desta belíssima sede paroquial. Ricardo Teixeira e Paulo Amaral (1997) e Joaquim Gonçalves (2004), responsáveis pelos dados que, relativamente à igreja matriz de Atei, constam do Inventário que a Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) tem no seu sítio na Internet - www.monumentos.pt - descrevem-na como uma igreja românica rural, de uma nave e cabeceira simples, rectangulares, reformulada no século XIX, à qual se adossou capelas colaterais e se fizeram altares, de talha policroma, neoclássicos, referindo, como período provável da sua construção original, o século XIV.
A importância relativa desta igreja, atestada pela sua dedicação a S. Pedro... advirá não apenas da tradição mas da sua particular localização geográfica, de transição entre o Alto e o Baixo Tâmega.
De acordo com o sítio da DGEMN, referido no primeiro parágrafo, do seu exterior destaca-se a frontaria, voltada a poente: um portal axial, simples, de duas arquivoltas, de arco abatido, decoradas com dentes de serra, círculos, meandros. Ladeando-as implantam-se duas mísulas de um anterior alpendre.Por sua vez, as fachadas norte e sul, de embasamento escalonado, têm dois portais, simples, com uma arquivolta, de arco abatido, decorada com dentes de serra, círculos, meandros, ornamentação em espinha e figurações humanas toscas.Do ponto de vista decorativo consideram os mesmos autores que os elementos arquitectónicos românicos são técnica e tematicamente rudimentares, reveladores da sua época tardia, com a ressurgência de temas muito antigos (meandros, espirais, etc.).
Os portais norte e sul ostentam, aliás, uma decoração curiosa, composta de globos (bolame), semelhantes a olhos vazados, figuras humanas jazentes e setas (espinha de peixe) o que tem sido interpretado como uma alusão à célebre Lenda dos Sete Condes, referência que o Inventário da DGEMN não contempla. Factual e histórica é a construção, no século XVI, da Capela dos Condes, atribuída a uma iniciativa da Casa de Cantanhede.
Aspectos muito interessantes, relativamente ao envolvimento exterior, são também a proximidade com a residência paroquial e, muito particularmente, com a torre sineira, construção independente do edifício, como é característico do românico.
Os responsáveis pelo conteúdo das páginas digitais que, relativas à igreja matriz de Atei, integram o Inventário da DGEMN, registam que o interior é iluminado por uma fresta colocada sobre o pórtico principal e por janelas altas, de vão rectangular, gradeadas e envidraçadas, colocadas nas paredes laterais da nave e capela-mor, complementadas por janelas mais pequenas que iluminam os altares das capelas laterais. O tecto da nave e capelas é em madeira de duas águas, e o da capela-mor curvo. Arco triunfal de volta perfeita, liso. Capela-mor com altar em talha pintada e dourada.

Referências Bibliográficas:
ATEI, in Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. 3, Lisboa, s.d., p. 635 - 636;ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Arquitectura Românica de Entre-Douro-e-Minho, vol. 2, Porto, 1978, p. 192;LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto, Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, p. 131.