sábado, 13 de outubro de 2007

Unidade Pastoral | Atei - Mondim - Paradança

As Rergras Da Casa

Preâmbulo
Imaginem uma Família, um Lar, onde não existam regras básicas de conduta e de relação mútua entre os seus membros. Onde cada um dos membros da Família faz o que quer, como quer e quando quer – o que lhe apetece! – Procurando, antes de mais e acima de tudo, satisfazer os seus desejos e caprichos, numa atitude de indiferença para com os demais membros da Família. Uma Comunidade Paroquial, uma Unidade Pastoral, um Arciprestado ou uma Diocese, é uma Família. Uma Família de Famílias. Por isso mesmo exige normas ou regras básicas de relação e convivência, princípios orientadores, para que os Irmãos se entendam, se respeitem e se complementem. Aqui deixo, pois, para os Filhos da Igreja Católica e Apostólica que peregrinam na área desta Unidade pastoral de Atei, Mondim e Paradança, as Regras da Casa, ou seja, os princípios básicos de orientação desta grande Família de Famílias.
I – ACOLHIMENTO
Quem não gosta de ser bem acolhido? Encontrar alguém que lhe abra a porta – antes de mais a porta do coração e da mente! – Mas também a porta da casa? Alguém que o escute, que lhe dê uma palavra de apoio, de coragem e de incentivo? A sociedade em que vivemos, nos movemos e existimos, mudou muito, mesmo muito, nas últimas décadas. Vivemos na sociedade dita global, definida pela pressa e pela "falta de tempo". E a Igreja, Peregrina nesta sociedade, não pode deixar de sofrer a sua influência. Além disso, são cada vez menos os Párocos e mais as Paróquias ao cuidado de cada Padre. Tendo em conta o parágrafo anterior, temos todos que fazer um esforço para perceber que o Pároco tem, hoje, uma vida radicalmente diferente daquela de há décadas atrás. E não pode deixar de ser assim. Também o Pároco se vê, com frequência, tomado pela pressa e pela "falta de tempo". Isto não significa, contudo, que o Pároco não tenha tempo para o essencial, que tem e não pode deixar de ter. Porque o essencial, esse, teremos que o defender das garras devoradoras do tempo e da agitação dos tempos modernos. Sempre que as Pessoas precisem de falar com o Pároco, antes de o procurarem na Casa paroquial – porque a maior parte do trabalho é realizado fora de casa! – Devem marcar com ele, pelo telefone ou pelo telemóvel, para que tudo seja devidamente agendado, com dia e hora. Todos, nesta Unidade Pastoral, têm acesso aos números de telefone, telemóvel, fax e email do Pároco, porque todos os Domingos são publicados na folhinha paroquial. Deve evitar-se, a todo o custo, procurar o Pároco para conversas ou tratar de assuntos de expediente, no final das Eucaristias dominicais, porque os horários são muito seguidos e não permitem essa liberdade. Se procurarem o Pároco no Presbitério ou Casa Paroquial e ele não estiver, devem deixar nome e contacto com a funcionária que lhes abre a porta. Serão sempre contactados logo que possível. Devem também evitar ligar para o telefone ou para o telemóvel do Pároco usando número privado, porque isso não permite que seja contactado posteriormente.
II – SACRAMENTO DO BAPTISMO
O Baptismo é o Sacramento que abre as Portas da Fé e da Igreja a todos os que o recebem, sejam crianças ou adultos. Pela graça do Espírito Santo, que a Água do Baptismo bem simboliza, os Baptizandos convertem-se, assim, em Filhos de Deus e Membros da Igreja, com os respectivos Direitos e Deveres.
1. O Sacramento do Baptismo será devidamente preparado em reunião (ou reuniões) própria(s), na qual devem participar, obrigatoriamente, os Pais e os Padrinhos das Crianças. Na nossa Unidade Pastoral estas reuniões realizam-se, por via de regra, aos primeiros Sábados de cada mês.
2. O Dia própria para a Celebração do Sacramento do Baptismo é o Domingo, o Dia do Senhor, Dia semanal da Criação e da Ressurreição, no qual os Cristãos fazem Memória da Obra Criadora de Deus e da Redenção que nos foi oferecida em Jesus Cristo. Na verdade, o Sacramento do Baptismo é celebrado no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
3. De preferência, os Baptismos serão celebrados nas Missas Dominicais das Comunidades, celebrações da Família eclesial, que acolhe, na alegria e em espírito de Acção de Graças, os novos Filhos de Deus. Podem, contudo, por razões suficientes apresentadas pelos Pais, e sempre de acordo com o Pároco, ser celebrados fora da Missa, ou mesmo, em casos justificados, em outro dia da semana.
4. Os Baptismos serão sempre celebrados na Igreja Matriz da Comunidade, também chamada Igreja Paroquial ou Igreja Mãe da Paróquia, onde se encontram a Fonte Baptismal, o Círio Pascal, símbolo e memória da Páscoa da Ressurreição, assim como os Santos Óleos, que foram benzidos pelo Bispo Diocesano, na Missa Crismal de Quinta-Feira Santa. Qualquer excepção a esta Regra só com a autorização expressa do Bispo da Diocese.
5. Para os Padrinhos e Madrinhas de Baptismo segue-se o estipulado pelo Código de Direito Canónico, concretamente nos Câns.873 e 874, e que se resume no seguinte: a Criança poderá ter só um Padrinho ou só uma Madrinha, ou então um Padrinho e uma Madrinha (Cân.873); que para alguém poder ser Padrinho ou Madrinha de Baptismo requer-se que seja indicado pelos Pais da Criança, que seja baptizado, tenha capacidade para desempenhar tal missão, tenha pelo menos 16 anos de idade, seja Crismado, seja católico praticante e leve uma vida coerente com a Fé que professa e com a função que vai desempenhar em relação à Criança que é baptizada; não pode estar sujeito a penas canónicas; não podem ser os Pais da Criança; se for membro de uma comunidade não católica, poderá apenas ser admitido como testemunha. Em relação à idade só poderão conceder-se excepções por justa causa, sempre com autorização expressa do Bispo Diocesano, ou a juízo do Pároco ou do Ministro do Baptismo, se tiverem conhecimento de causa.
III – CATEQUESE PAROQUIAL
Na nossa Unidade Pastoral a Catequese Fundamental tem a duração de 10 anos, terminando com a celebração do Sacramento do Crisma. Além da catequese Fundamental, temos ainda a chamada Catequese de Jovens e Catequese de Adultos, que muito se recomenda, como forma de actualização e aprofundamento da cultura da Fé. A Catequese Paroquial tem as suas Regras próprias, como a exigência de assiduidade e aproveitamento, que devem ser respeitadas por todos, particularmente as Famílias das Crianças. A EUCARISTIA DOMINICAL (na qual se inclui a chamada Missa Vespertina, celebrada na Véspera, ou seja, na tarde de Sábado), faz parte integrante da Catequese Paroquial, pois ninguém nasce cristão, mas faz-se Cristão ao longo da vida, lendo e meditando a Palavra de Deus, dialogando com Deus na Oração, praticando a caridade para com o próximo e celebrando a Eucaristia com os Irmãos, particularmente ao Domingo, o Dia do Senhor.
IV – SACRAMENTO DA EUCARISTIA
Nós, os Cristãos, não podemos viver sem o Domingo. E o Coração do Domingo é a Eucaristia, celebração da Páscoa de Jesus. Não se pode conceber um Filho da Igreja que não celebre a Eucaristia com os Irmãos, fazendo memória de Jesus: "Fazei isto em memória de Mim" (Última Ceia). A fidelidade a este Sacramento, bem como o empenho na celebração do mesmo, são sinais distintivos do Cristão genuíno e autêntico. Devemos varrer da nossa vida aquela tendência para desculparmos facilmente a nossa ausência da Eucaristia dominical. Por vezes parece que temos tempo para tudo, menos tempo para Deus e para os Irmãos na Fé. Será por acaso que o primeiro Mandamento da Lei de Deus nos manda amar a Deus sobre todas as coisas? As nossas Eucaristias recebem intenções particulares, pois desde sempre que as Comunidades Cristãs lembram os seus defuntos nas suas celebrações. Há, porém, que fazer um reparo: as Missas não são celebradas porque é preciso rezar pelos defuntos; mas reza-se pelos defuntos porque a Comunidade deve celebrar a Eucaristia para se tornar Igreja, e porque os defuntos fazem parte da Comunhão da Igreja. Exceptuam-se desta Regra as Missas exequiais, ou de "corpo presente", de 7º e 30º dia. A esmola dada pelos fiéis quando pedem intenções de Missa não se destina a "pagar a Missa", mas a contribuir para as necessidades da Igreja!
V – SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO OU CRISMA
Para se receber o Sacramento do Crisma é necessário ter os 10 anos de Catequese mencionados atrás, no caso dos Jovens e Adolescentes. Contudo, uns meses antes da celebração deste Sacramento numa das Paróquias da Unidade Pastoral, são abertas inscrições para Pessoas adultas, com o mínimo de 25 anos, que farão uma preparação intensiva. Para os adultos que desejem ser crismados não haverá limite de idade. A preparação intensiva é obrigatória!
VI – SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO
"...o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e serão os dois uma só carne" (...) Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu" (Mt.19,5-6). Na Igreja Católica o Matrimónio realiza-se entre um Homem e uma Mulher, que, na sua unidade e complementaridade, perfazem o Ser Humano na sua plenitude. Na Unidade Pastoral de Atei, Mondim e Paradança, todos os Casamentos devem ser marcados na Agenda do Pároco durante o mês de Janeiro e todos os Noivos devem participar no CPM – Centro de Preparação para o Matrimónio, nas datas que o Pároco lhes indicará aquando da marcação da data da celebração. Habitualmente os Noivos pedem a celebração do Matrimónio com Missa. Contudo, nesta Unidade Pastoral apenas terão Missa os casamentos cujos Noivos sejam de Fé praticante, ou, pelo menos, um de entre eles. Também se caiu no mau hábito de pedir Missa no Casamento porque se quer rezar por algum defunto da família. Este argumento não tem qualquer validade. Os Noivos não devem comprometer-se com restaurantes antes de acertarem tudo com o Pároco no que respeita à data e hora da celebração do Casamento. Não é de forma nenhuma correcto ser convidado para um Casamento e, durante a celebração do sacramento na Igreja, ficar fora da mesma, na conversa, ou ir passar o tempo para o café mais próximo. Revela grande falta de respeito por Deus e pelos Noivos que celebram o matrimónio.
VII – SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO
O Sacramento da Reconciliação – ou da Penitência! – a que vulgarmente se chama Confissão, é uma oportunidade que Deus nos concede para purificarmos a nossa vida, purificando o nosso coração e a nossa consciência. Nas nossas Comunidades há, por via de regra, três tempos de Reconciliação durante o Ano Pastoral: Advento, Quaresma e Festas dos Padroeiros. As Pessoas devem aproveitar estas oportunidades e ter em elevada estima a vivência deste Sacramento. Além dos referidos "tempos fortes", há sempre a possibilidade de as Pessoas se reconciliarem, ou porque lhes são propostas outras possibilidades, ou porque o pedem, acertando um dia e uma hora com o Pároco, ou outro Sacerdote que esteja na Comunidade.
VIII – CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS CRISTÃS
Para os Cristãos o corpo humano é habitação de Deus – Templo do Espírito Santo. Por isso é uma questão de Fé, de Esperança e de Caridade celebrar com dignidade as exéquias dos nossos defuntos. É mesmo, como diz a doutrina católica, uma obra de misericórdia. Nas nossas Comunidades celebrar-se-ão com a devida dignidade as exéquias fúnebres, não olhando nunca à condição social das Pessoas. Ricos, pobres ou remediados, terão todos, da parte da Igreja, a mesma dignidade nas respectivas exéquias, "pois Deus não faz acepção de Pessoas" (Carta aos Hebreus). Quando os funerais têm origem numa casa ou Igreja que fica longe da Igreja Matriz ou do Cemitério, far-se-á de forma a que se evite ocupar a estrada principal por um longo espaço de tempo, fazendo-se um pequeno percurso a pé, depois a estrada principal de automóvel e, de novo, percurso a pé. Também deveremos ter cuidado em não exagerar na oferta de flores, sabendo que as melhores flores são as nossas Orações – porque essas não se corrompem! É de muito mau tom participar num funeral e, durante e celebração da Eucaristia, ficar fora da Igreja, quase sempre a fazer ruído e barulho. Rezar pelos defuntos é sinal de grande e profunda amizade!
IX – GRUPOS APOSTÓLICOS PAROQUIAIS
Por Grupos Apostólicos Paroquiais entende-se aqueles de Grupos de Irmãos que desempenham a mesma função na Comunidade: Conselhos Pastorais Paroquiais, Conselhos Económicos, Catequistas, Cantores, Leitores, Acólitos, Ministros da Comunhão, Grupos de Jovens, Escuteiros, Grupos de Caridade Fraterna, Zeladoras dos Altares e das Igrejas, Grupos de Missão, Grupos Bíblicos, Irmandades, Confrarias, Associações de âmbito espiritual... Se são grupos apostólicos significa que têm como missão fundamental fazer apostolado, ou seja, evangelizar. Na verdade, a Igreja não poderá cumprir fielmente a sua missão se os membros das Comunidades não se assumirem como apóstolos, como profetas e como evangelizadores. Peço a todos os membros dos Grupos Apostólicos desta Unidade Pastoral que dêem o seu melhor neste trabalho de evangelização, dando cara, voz e rosto ao Evangelho de Cristo e mantendo, a todo o custo, a Unidade deste Corpo que é a Igreja dos Profetas, dos Apóstolos e das Testemunhas da Fé.
X – A IGREJA QUE O MUNDO PRECISA
De tudo o que fica dito atrás – e muito mais se poderia dizer sobre os assuntos em causa! – Há uma coisa que deve ser clara para todos: SOMOS UMA IGREJA DE COMUNHÃO! Ninguém deve ser excluído ou posto à margem, porque "na Casa do Pai há muitas moradas". Todos têm lugar na Igreja Católica e Apostólica. Temos, pois, que fazer todos um esforço de conversão, no sentido de varrermos da nossa vida pessoal, familiar e comunitária o egoísmo, o individualismo e todo e qualquer bairrismo doentio. Brio e zelo, sim! Bairrismo exacerbado e egoísmo, não! Isto não significa, obviamente, que não devamos ser exigentes. Sim, deveremos sê-lo, mas antes de mais sermos exigentes connosco mesmos, não vá acontecer que nos preocupemos com o "argueiro na vista dos outros" e sejamos tolerantes com a "trave na nossa própria vista". As celebrações e as iniciativas eclesiais serão valorizadas por nós de acordo com a sua dimensão, ou seja, as mais importantes são sempre aquelas que dizem respeito a uma maior parcela da Igreja – Igreja Universal, Diocese, Arciprestado, Unidade Pastoral, Comunidade Paroquial. Deverá evitar-se, a todo o custo, promover iniciativas que possam chocar com iniciativas da Igreja em sentido mais lato. Há um sem número de Virtudes a cultivar, todas elas com raiz no Evangelho. De todas elas, destacaria 3, pedindo a todos os membros desta Unidade Pastoral o esforço sincero de as pôr em prática: Humildade, Fidelidade, Disponibilidade! Se porventura tivermos dificuldade em saber como cultivar e viver estas Virtudes, perguntemos à Virgem Maria! Ela ensinar-nos-á, porque é nossa Mãe e nossa Mestra! Consagro-lhe este nosso Ano Pastoral de 2007-2008.
Manuel Machado, Pároco